Desafio é um substantivo
masculino que toda profissão carece, por isso constantemente ele assume a
função de verbo, pela necessidade da ação.
Na docência, diferentemente
da medicina, por exemplo, não se consegue ter teorias prontas exatas. Você está
diante de um paciente e consegue prescrever, de acordo com os exames e
avaliação médica, qual o melhor tratamento. O professor não. Ele até pode conhecer
metodologias eficazes, mas a cada nova sala suas teorias devem ser melhor
analisadas, novas técnicas devem ser descobertas instantaneamente para que
possamos exercer melhor nossa profissão.
Porém, apesar de tudo isso,
não conseguimos escrever regularmente sobre esses contextos, não apresentamos
nossas teorias porque não dá tempo, são muitos alunos, algumas escolas e muito
planejamento diário, semanal, mensal, avaliações, pesquisas... O que não quer
dizer ser impossível. Não é.
Nos frustramos a cada abordagem
equivocada que fazemos, lidamos com pessoas que não se acanham na hora de expor
nossas fragilidades e incompetências. E o pior disso tudo é que realmente somos
incompetentes. A educação está um caos.
Quando estamos na
graduação, ao penetrarmos numa sala de aula, não temos um professor experiente
que esteja nos perguntando qual o objetivo de nossa aula, quais habilidades a
serem desenvolvidas com a metodologia adotada ou coisas desse tipo. Apenas
adentramos naquele recinto e fazemos. Na maioria das vezes não estamos
preparados.
De quatro estágio supervisionados
na minha graduação apenas um o professor esteve presente assistindo minha aula,
o professor regente da turma. E em nenhum desses momentos eu experimentei meu
professor(a) de estágio me acompanhando. Talvez eu seja muito bom – e duvido
muito disso.
Nosso método científico é
falho, somos acima de tudo Licenciados. Deveríamos caminhar mais para nosso laboratório:
a sala de aula.
Não sabemos lidar com
nossas emoções e somos incompetentes. Talvez se fossemos “frios”, como cirurgiões,
conseguiríamos ter mais resultados positivos. Mas não, somos fracos. Temos medo
de dizer e ouvir que não somos capazes.
Se meus professores
tivessem me dito mais vezes que não estava bom o que eu estava fazendo, que
estudei pouco ou que eu não conseguiria talvez eu estivesse mais dedicado à
minha profissão. Talvez eu pudesse ser melhor. Talvez eu poderia ser mais
competente.
Se, e somente se, os professores
fizessem de nossa vida um inferno, exigindo mais de nós, alunos de
licenciatura, no primeiro semestre do curso, talvez não tivessem pessoas ruins
na função de professores. Talvez nossa educação fosse melhor. Talvez a docência
não fosse tratada como coitadinha.
No meu caso, eu deveria ser
um pesquisar da linguagem, mas parece-me que sou muito fraco para isso.