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sábado, 21 de novembro de 2015

Entre corpos

Já era tarde. Mas a conversa insistia em não acabar. Planetas, almas, o espaço; a terra, a vida, o homem;
A mesa era de vidro, envolvida por um pano negro levemente bordado nas extremidades. As cadeiras pontiagudas, de aço, alimentavam as imagens promíscuas de um envolvimento, era possível sentir o gélido encosto delas. E nós, incomodados com suas espumas finíssimas. Olhos fixos um no outro.
A cada frase pronunciada era possível ver o movimento ondulante de sua língua sobre seus lábios. De forma suave seus órgãos bailavam em suas mucosas deliberadamente.
Levantou-se. Tocou suavemente sobre meu peito, perfazendo o caminho de meus pelos até o limite de minha cintura. Senti sua respiração balbuciada nos meus ouvidos, fechei os olhos. Suas mãos, rastejantes sobre minha pele, impulsionava os meus desejos mais sórdidos.
- Escreva-me, em passos lentos... – disse-me com a voz rouca.
 O toque leve arrepiava meu corpo por inteiro.
Sua mão, envolvendo meu pescoço, fazia com que me entregasse ao gosto sórdido de nossos pensamentos... fixei meus alhos aos seus.
Seu toque suave, arrepiando minha pele, dizia-me que devíamos continuar. Sua saliva pingava em mim.
Tocou onde a masculinidade de um homem se aflora. A calça entreaberta sucumbia a suor que descia vagarosamente desde da ponta do fio do cabelo, lambendo meu rosto, perfazendo meu tórax, aguçando minha barriga, atiçando minha cintura, deleitando minhas coxas até a ponta do pé.
Naquela noite, nos encontramos internamente, onde os encaixes são perfeitos e a mente delibera no intenso prazer o propósito do encontro. Estar-se.
E o gozo ainda continua fixado nas frestas daquela cadeira de aço, para em um suspiro, reviver-se. 

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