Páginas

domingo, 16 de outubro de 2011

Seca

Nessa areia que me piso os pés, sinto vivo o eu que um dia fui.... Quando o vento toca o rosto branco de sem sol, me lembro [ou relembro], que um dia dancei com os ventos. E essas lembranças me envolvem e quase me sufocam de tanto lembrar, que eu “era feliz e não sabia”. E que... apesar dos pesares... eu ainda continuava feliz, naquele canto que era só meu, naquela areia onde só eu brincava, por que ninguém estava ali para brincar comigo...
E o pó dessa terra me envolve no sono, me aconchegando e pedindo “fica mais”, onde meus músculos se contraem com gosto de quem quer, mas não pode... E bichos me gritam pelas manhãs das tardes perguntando “por que se foi? ”, “por que precisa? ”, “por que não fica? ”.
E eu GRITO que ainda sou feliz! Que precisei, mas isso não é motivo para a tristeza, pois estou feliz [e peço que considerem isso], que eu cresci... Apesar de ser, ainda, aquela criança triste tentando esconder o medo de ficar só [e é isso que mais me perturba; sempre foi].

E nesse confronto de sentimentos com palavras que, às vezes confusas e paradoxais, deixam por via de linhas tortas que hoje, e sempre nesse hoje, eu sou feliz sim, não me arrependo por que quando volto a essa terra quente que me arde a pele, sinto o que eu ainda sou, não perdi essas raízes... ainda sou [por muitas vezes diferente] aquela pedra de areia...