Acordava todos
os dias às 6h ou 6:30h, não tinha uma regularidade quanto ao horário certo, na
maioria das vezes dependia do horário que fosse dormir. A única certeza era que
eu deveria estar às 7:30 em meu trabalho, uma instituição que possui 18 salas
de aulas, uma biblioteca e uma sala de leitura (a dúvida é uma constante), dois
laboratórios: um de informática e um de ciências da natureza; sem contar com a
secretaria, sala dos professores e uma pequena direção (de pequena só mesmo a
sala). Sim, eu trabalho numa escola! Para ser mais específico ela é estadual,
situada no Município de Euclides da Cunha na Bahia, atende um total de mais de
1500 alunos do Ensino Médio, com uma equipe docente de aproximadamente 70
professores, em média 10 profissionais na assistência administrativa, uns 7
auxiliares de serviço gerais e 6 profissionais que se dividem entre a portaria
e a vigilância do patrimônio público.
Na verdade, eu
acordava todos os dias esse horário. Hoje só faço isso duas vezes por semana. O
motivo? Estou entre os profissionais que o Estado cortou 20 horas/aulas
semanais de trabalho, ainda sou estudante de graduação no penúltimo semestre do
curso de Letras. Não recebi parte de meu salário dos meses anteriores ao corte
e estou ganhando ainda menos. Na maior parte de meu tempo me divido entre os
estudos e uma casa para dar conta (aluguel, contas...), além do preparo de
comida para me manter, roupas, pratos e toda a problemática necessário para “viver
tranquilo”.
Em alguns
momentos disse pra mim mesmo que isso era a única coisa que eu sabia fazer: dar
aulas; em outros, disse-me que foi a profissão que escolhi e já até me
orgulhei; às vezes penso em escrever uma série de televisão contato o dia a dia
de ser professor; e no final de tudo percebo que tenho todos os motivos para mudar
de profissão, mas não o faço. O porquê? Não sei ao certo.
Por enquanto só
sei de uma coisa: meu nome é Gustavo Macedo e eu sou professor, em formação, de
Língua Portuguesa.
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