Ao passo de uma dança o
barulho torna-se silêncio e a música prossegue, em um bailar continuo. Quem
somos? Para onde vamos? O que nos tornamos? Tudo é tão incerto.
Encontros. Tão próximos…
Os motores do táxi avisam a
partida e alguém, tencionando os músculos, se recusa a acreditar no que acabara
de acontecer.
Não podemos driblar o
destino. É preciso o encontro. É necessário o abraço.
A pista se alongava por uma
pressão de passos leves e vagarosamente perturbados. Tentaremos, ao passo do
dia, dizer para nós mesmos se é possível.
Mas minhas mãos fogem ao
meu controle.
O olhar me agarra
minimamente ao fechar dos olhos e o sorriso, me envolvendo por dentro, sugere
uma alternativa: a entrega.
A areia sobre minhas pernas
me diz que a tempestade passará. O mar avisa do novo dia. É possível? É errado?
O gosto é traduzido em
líquidos negros, sombras de um desejar. E o beijo... ah o beijo é tão bom.
Deleitar-se e perdoar o que
desejamos. Encontrar-me e finalmente sentir, pelo segundo do abraço, o gosto da
liberdade, do provável.
Corpos no deleite.
A intimidade corrompida.
O entregar-se receoso.
O encontro dos lábios.
O suspiro.
O olhar.
E tudo me diz que sem mãos
trêmulas não há destino, não há certezas. Corrompam-me, estou entregue ao
acaso. Ao imaginável. Ao desejo.
E seu sorriso ainda
continua a me abraçar.
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